Carlos Vergara

Ontem eu fui ao lançamento do livro de fotografias de um grande amigo de longa data, Carlos Vergara. É um livro belíssimo e revelador que focaliza, principalmente, o bloco carnavalesco Cacique de Ramos durante os Carnavais de 1972-1976, no Centro do Rio.

Como tudo que ele faz, o livro é deslumbrante. É uma viagem no tempo e na imaginação, um retrato visceral que procura olhar por tras das fantasias uniformizadas do bloco e enxergar a verdadeira alma do país. Com a passagem do tempo certas imagens ganharam força visionária, como a de um homem negro, forte, com a palavra PODER pintado no peito.

Me lembro que, quando cheguei no Brasil em 1972, eu me sentia um peixe fora d'água. Meu grupo de amigos era restrito a uma turma meio marginalizada de roqueiros em São Paulo, a cidade onde eu dava meus primeiros passos tímidos como profissional no Brasil.

Minha mulher é carioca e por isso passavamos muitos fins-de-semana no Rio, onde ela tinha família e muitos amigos, principalmente da faculdade de arquitetura na UFRJ, onde havia estudada antes de trancar a matricula e ir morar em Londres, onde eu a conheci em 1972. Todo mundo no grupo era alguns anos mais velho do que eu, e havia uma forte ligação às artes plásticas e à fotografia, diferente do grupo com o qual eu andava em São Paulo, que só era ligado à música.

Vergara nessa época já era um artista plástico de renome e sucesso e ele exercia forte influência estética e moral sobre o grupo de amigos. Descobri cedo que ele havia sido também campeão imbatível de Twist & Rock'n'Roll nos anos 50'. Simpatizamos de cara apesar da diferença de idade e é uma amizade que perdura ao longo de 35 anos.

Quando eu gravei minhas primeiras demos, em 1982, eu precisava de um projeto para a capa do single e pensei imediatamente no Vergara.

Ele topou no ato, sugeriu criar uma pintura de fundo, em tons de cinza - já que a capa seria em preto e branco - e me fotografar diante dele. Assim a foto já seria a arte final, sem precisar de intevenções gráficas. O resultado realmente ficou demais.

E ainda ganhei a obra de presente...

irradiado por Ritchie [28 de fev 2008, às 12:39]

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